sábado, 21 de setembro de 2013

Usinas termelétricas do interior do Amazonas vão produzir energia à base de gás natural

Os municípios de Codajás, Anori, Anamã e Caapiranga são os primeiros a ter eletricidade confiável gerada por gás natural

Manaus, 21 de Setembro de 2013


O combate ao aquecimento global, provocado principalmente pelo aumento das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), leva o Brasil e outros países a buscar novos caminhos rumo a uma economia de baixo carbono, isto é, a favor do meio ambiente. E o Amazonas também segue nesta mesma direção. A partir de outubro, as usinas termelétricas dos Municípios de Codajás, Anori, Anamã e Caapiranga, começarão a produzir energia a gás natural.

A mudança no Município de Codajás (a 240 quilômetros de Manaus), por exemplo, representará uma redução de 7.542 toneladas de CO2 (dióxido de carbono) anualmente. Transformando isso em litros de gasolina, daria para encher o tanque de 77.450 carros populares uma única vez.

Se esta quantidade de CO2 produzida pela usina termelétrica de Codajás, emitida para a atmosfera, for comparada com hectares de floresta desmatada, isso representa 13 hectares, o que equivale a 18 campos de futebol ou mesmo 25.140 árvores derrubadas.
Os cálculos foram levantados pelo Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS). O dióxido de carbono (CO2), considerado um dos principais vilões do aquecimento global, é produzido a partir da queima de combustíveis fósseis como o óleo diesel.
Em função de algumas de suas características, como o elevado poder calorífico, alto rendimento energético e baixo nível de emissões de poluentes em relação aos demais combustíveis fósseis (petróleo, os derivados de petróleo e o carvão mineral), o gás natural pode ser considerado um combustível “limpo”.
Coordenador do Ceclima, Anderson Bittencourt, explica que apesar das usinas termelétricas a gás natural nestes quatro municípios representarem uma redução significativa na emissão de GEE, continua-se usando um gás fóssil para a geração de energia.
“Continuamos usando uma fonte não-renovável, que não pode ser reposto pela ação humana. Mas temos ganhos ambientais, do ponto de vista da redução de Gases de Efeito Estufa (GEE), isto é, uma ordem de 35% em relação ao diesel”, disse.


Apagões serão coisa do passado


Com a chegada do gasoduto nesses quatro municípios, inicialmente, não só o meio ambiente sentirá os efeitos, mas também a população. É o que projeta o coordenador do Ceclima, Anderson Bittencourt.

“Não vai mais haver racionamento de energia. Isso é uma coisa comum no interior do Amazonas”, destacou. Em alguns municípios, o serviço fica fracionado a apenas algumas horas do dia. A população chega a ficar sem fornecimento de energia elétrica por longas horas.

“Outro fator importante é a confiabilidade do sistema. Serão quatro máquinas de última tecnologia que estarão distribuídas nesses quatro municípios. Isso também significa que a população não sofrerá com grandes perdas de produção quando por causa de quedas de energia. Alguns produtores tem muitos prejuízos quanto ao armazenamento de sua produção, quando a mesma é de alimentos”, assegurou Bittencourt.


Novo modelo


Atualmente, a matriz energética (toda energia disponibilizada para ser transformada, distribuída e consumida) de Manaus é predominantemente o gás natural

De acordo com dados de junho de 2013 da concessionária Eletrobras Amazonas Energia, o gás natural representa 46,6% da matriz energética da capital, enquanto o óleo diesel, 38%, e a hidrelétrica, 15,4%.

O gasoduto Coari-Manaus permite que o Estado disponha ao mercado o gás natural produzido na Bacia do Solimões, uma reserva estimada em 52,8 bilhões de metros cúbicos.


Química


O gás natural é uma mistura de compostos químicos leves encontrados no subsolo com predominância do metano que, submetido à temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece no estado gasoso.

Municípios ainda terão o auxílio de subsídio CCC


Ainda que passem a produzir energia elétrica por meio de termelétricas a gás natural, os Municípios de Codajás, Anamã, Anori e Caapiranga, continuarão recebendo subsídio da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis dos Sistemas Isolados (CCC Isol).

A sigla CCC-Isol foi extinta pela lei federal 12.783, de 11 janeiro de 2013, e o benefício passou a se chamar “subsídio ao sistema isolado”. Ele é arrecadado por meio da conta de energia de todos os consumidores finais do País, e segue para um fundo gerido pela Eletrobras. Esta, por sua vez, repassa o reembolso à distribuidora para que ela pague o combustível fornecido pela Petrobras.

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que o sistema isolado atende 45% do território nacional e 3% da população.

Cerca de 73% da energia gerada no sistema isolado é proveniente de usinas termelétricas que utilizam combustíveis fósseis, principalmente óleo diesel, o que torna o custo de produção de energia mais cara e praticamente inviável para o custeio pelos consumidores e é isso que justifica o subsídio.
“É uma fonte de recursos que todo o Brasil paga. O recurso continua sendo repassado para a concessionária, ainda que não seja mais uma termelétrica a diesel que irá operar nesses municípios”, explicou Anderson Bittencourt, coordenador do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima).
Manaus deixou de ser um sistema isolado ao se conectar com o Sistema Nacional Interligado (SIN) de fornecimento de energia elétrica por meio da linha de transmissão chamada Linhão de Tucuruí.

Nenhum comentário: