segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Referência em educação, Coreia do Sul atrai estudantes brasileiros



      Duas aprovações no vestibular da Universidade de São Paulo (USP), uma para o curso de matemática e outra para engenharia, não foram suficientes para que Leonardo Saturnino Ferreira, de 21 anos, morador de São Paulo, tivesse entusiasmo para concluir o ensino superior no Brasil. Depois de um processo seletivo que inclui análise de documentos, currículo e perfil, entrevista em inglês e aprovações na embaixada, no governo e em instituições de ensino, Ferreira conseguiu realizar o sonho de sua vida: conquistou uma bolsa de estudos para cursar engenharia elétrica na Universidade de Seul, na Coreia do Sul, e está prestes a embarcar para um dos países com a melhor educação do mundo.
Além de Ferreira, outros dois brasileiros seguirão o mesmo rumo: Nicolas Mileli, de 21 anos, do Rio de Janeiro, e Daniel Baumel Garcia, de 24 anos, do Paraná. Os três foram contemplados pela bolsa do National Institute for Internacional Education (Niied), departamento do governo, e ficarão cinco anos na Coreia do Sul com as despesas totalmente pagas. O primeiro ano será destinado ao curso de coreano, nos quatro seguintes os brasileiros farão a graduação escolhida. O programa contempla estudantes do mundo todo.
Fã da cultura oriental, Ferreira já estudou japonês, e se apaixonou pela Coreia do Sul aos 15 anos, quando leu uma reportagem em uma revista na casa da avó sobre a educação sul-coreana. Desde então, coleciona objetos do país, e pesquisa e lê tudo que pode.
Filho de uma maquiadora de efeitos de especiais e de um cineasta, Ferreira nunca pensou em trabalhar com artes. A afinidade sempre foi maior com números e tecnologia. Estudar na Coreia do Sul, para ele, significa reunir essas paixões num país que considera exemplo de disciplina e seriedade.
Referência em ensino e tecnologia, a Coreia do Sul aparece com destaque no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Está em quarto lugar em matemática e em segundo no quesito leitura do ranking mundial. “A Coreia leva a educação muito a sério. No dia do vestibular, por exemplo, até o espaço aéreo é fechado para não atrapalhar os estudantes. Aqui no Brasil quem estuda é considerado um cara estranho. Lá na Coreia, é um cara admirado. A competição vai me fazer ser cada vez melhor”, diz Ferreira.
 
Desde adolescente, Leonardo é fã da cultura
oriental. Filho único, o estudante pretende voltar ao Brasil nas férias, a cada seis meses, mas está entusiasmado com as novidades, entre elas, a de morar em uma república e trocar o clima de um país tropical por temperaturas baixas. “Minha vida vai mudar de cabeça para baixo, mas ainda não caiu a ficha. Acho que só quando eu entrar no avião.”
Durante o curso, o estudante pretende trabalhar. Uma opção é dar aulas de inglês. Ferreira também já tem planos para depois da conclusão do curso. Quer trabalhar na área de telecomunicações e fazer com que a tecnologia de ponta da Coreia também seja realidade no Brasil. “Não sei onde vou estar, onde vou trabalhar, mas gostaria de fazer a tecnologia e a educação serem mais acessíveis no Brasil e no mundo, e que elas não fossem febre apenas na Coreia.”
Daniel Garcia foi outro brasileiro contemplado com
a bolsa de estudos (Foto: Arquivo pessoal). Longe da medicina
Daniel Baumel Garcia, de 24 anos, também vai estudar na Coreia do Sul. Optou pelo curso de engenharia da computação, mas quase seguiu a carreira dos pais e se tornou médico. Estudou medicina por quatro anos, e abandonou o curso por falta de afinidade. Como sempre gostou de desenho e tecnologia, foi estudar desenho industrial, mas não concluiu o curso - se tivesse finalizado não poderia disputar a bolsa de estudos do governo da Coreia.
Em 2009, Garcia decidiu aprender japonês, já que possui inglês fluente e tem bom domínio de espanhol. O estudante conta que durante o curso se interessou pela Coreia e passou a pesquisar mais sobre ela na internet. Em julho de 2010 visitou o país pela primeira vez. Ganhou um intercâmbio de uma semana e esticou a viagem por mais 15 dias por conta própria.
"Fui sozinho e não conhecia ninguém. Na época não sabia nada do idioma. Na primeira semana em Seul foi como se eu nunca tivesse visto nada na minha vida, foi como descobrir um mundo novo. É um choque cultural muito grande, porém positivo", afirma Garcia.
Estudantes fazem prova de acesso à universidade em sala de aula de colégio de Gwangju, a 324 km de Seul (Foto: Ahn Hyun-Joo/Newsis/Reuters)
De volta ao Brasil, Garcia decidiu traçar novos planos. "Pensei: é aqui [na Coreia] que quero passar mais tempo da minha vida e comecei a pesquisar mais sobre bolsas de estudo." Em 2010, disputou a bolsa do governo coreano, mas não foi aprovado, segundo ele, porque estava menos preparado que agora
A mudança de país não assusta o estudante que já mora sozinho em Curitiba, enquanto os pais estão no interior do Paraná. Para ele, não haverá dificuldade de adaptação, nem mesmo com as questões culturais. "É o que eu quero, no país que eu quero. O que a Coreia representa em termos de engenharia e tecnologia é perfeito. Tem uma das melhores educação do mundo, e estudar qualquer curso lá já seria bom." Garcia diz que vai seguir viagem "com a mente aberta e acreditar que vai dar tudo certo."


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

MEC divulga a segunda chamada de aprovados do Sisu



         O Ministério da Educação divulgou o resultado da segunda chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e a abertura das inscrições para a lista de espera. Foram convocados 62.285 candidatos. Eles devem fazer a matrícula no curso para o qual foram convocados entre a segunda-feira (30) e a terça-feira (31).
A segunda chamada foi feita entre os candidatos que não foram chamados em nenhuma das duas opções de cursos para os quais se inscreveram. Também participaram desta seleção quem foi convocado na primeira chamada para sua segunda opção, e agora foi aprovado na primeira opção, mesmo tendo feito matrícula na semana passada. Os candidatos que, na primeira chamada, passaram na primeira opção, mas não efetuaram matrícula, não podem mais concorrer a vagas nesta edição do Sisu.
Quem foi selecionado tanto pelo Sisu quanto pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) deve optar apenas por uma das vagas, já que elas não podem ser acumuladas.
De acordo com o MEC, os estudantes que passaram devem entrar em contato com a própria instituição para saber se deverão fazer a matrícula pessoalmente ou enviar os documentos por correio.
Quem passou por meio de alguma política de ação afirmativa (por meio de cotas ou bônus na nota do Enem) deve ainda apresentar documentos que comprovem as exigências do benefício.





Lista de espera.
Nesta sexta-feira, o Sisu também abriu as inscrições para a lista de espera, que podem ser feitas até 1º de fevereiro. Para se inscrever, é preciso acessar o sistema, entrar no boletim de acompanhamento e clicar no botão que correspondente à confirmação de interesse em participar da lista de espera do Sisu.
Dessa lista podem participar tanto quem não foi convocado em nenhuma chamada quanto quem foi selecionado em sua segunda opção - mesmo tendo feito matrícula.
Porém, cada candidato só poderá disputar as vagas remanescentes relativas à sua primeira opção.
A lista será divulgada em 4 de fevereiro. A partir daí, a seleção será feita gradativamente até o dia 2 de março de 2012.
Mais de 1,75 milhão de inscritos
O processo de inscrição para o Sisu terminou às 23h59 do dia 12 de janeiro. A primeira edição de 2012 do Sisu conta com 1.757.399 estudantes que realizaram 3.411.111 inscrições em 3.327 cursos. Cada candidato podia escolher até duas opções de curso. No total, 108.552 vagas foram disponibilizadas em universidades públicas e institutos federais.
O número de inscrições cresceu 68,9% entre 2012 e a edição do primeiro semestre de 2011 do Sisu. Seis estados tiveram mais de 200 mil inscrições cada: Rio de Janeiro (381.721), Minas Gerais (367.259), São Paulo (292.742), Ceará (243.311), Rio Grande do Sul (233.324) e Bahia (214.597).
O maior crescimento foi registrado em Alagoas, onde o número de inscrições saltou de 14.276 para 111.840, o que representa um aumento de 683%. Alagoas também registrou o maior crescimento no número de vagas: a oferta subiu de 311 para 5.805 (um aumento de 1.766%).
Santa Catarina foi o único estado que registrou redução no número de inscrições: foram 17.004 neste ano contra 18.193 na edição de 2011.
Concentração de vagas
Segundo os números divulgados pelo MEC, 42,2% de todas as ofertas do sistema se concentram em apenas quatro estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Em comparação com a edição de 2011, o número de vagas subiu em todas as unidades da Federação, menos em quatro delas: Distrito Federal (que tinha 10 vagas no ano passado, e neste ano não teve instituições participando do Sisu), Sergipe (que reduziu em 53,2% as vagas), Santa Catarina (-52,3%) e Ceará (-17,6%). No Amapá, o número de vagas permaneceu igual: 160.
Quem for selecionado na segunda opção continuará participando da seleção, mesmo se fizer a matrícula no mesmo período, e poderá ser convocado na segunda chamada, que será divulgada no dia 26, para sua primeira opção de curso.
A matrícula dos convocados na segunda chamada acontece em 30 e 31 de janeiro.
Quais são as instituições participantes do Sisu?
Neste ano, 77,6% das vagas estão concentradas em duas regiões. O Nordeste tem o maior número de vagas disponíveis pelo sistema. Das 108.552 vagas, 37.634 estão na região, ou 34,6% do total. As instituições do Sudeste oferecerão 35.924 vagas, ou 33% das ofertas. O Sul tem 15.756 vagas, seguido do Centro-Oeste, com 13.985, e da região Norte, com 5.253 vagas.