terça-feira, 29 de novembro de 2011

Pará tem a 7ª maior incidência do vírus HIV

Apesar de a região Sudeste apresentar, segundo a série histórica dos casos da doença no Brasil, o maior número de notificações - o correspondente a 56,4% - a região Norte vem apresentando um quadro preocupante de aumento de casos. Em 2009, o Norte registrou a segunda maior taxa de incidência para cada 100 mil habitantes, 2,1%. Já em 2010, a região ficou em segundo lugar em taxa de infecção com 20,6 casos para cada 100 mil habitantes, abaixo apenas da região Sul, que apresentou uma taxa de 28,8. Apesar do quadro estável do índice de mortalidade no país, a incidência de mortes também vem aumentando na região que apresenta a terceira maior incidência de mortes por HIV, 6,5 por 100 mil habitantes.
“Temos uma mortalidade elevada no Norte e Nordeste em função das características específicas. No Norte, a rede de atenção básica à doença é muito concentrada nas capitais”, relaciona Ivo Brito, do Ministério da Saúde. “Essas regiões também possuem um déficit no número de organizações civis que trabalham no combate à Aids”.
O médico infectologista Lourival Marsola reconhece os problemas enfrentados no Estado. “O Pará possui uma realidade triste. O número de óbitos só aumenta. Na região Norte e no Pará vivenciamos um panorama de interiorização”, acredita. “Mais de 80% dos municípios do Pará têm pelo menos um caso de Aids”.
Segundo ele, a epidemia, no Estado, cresce em mulheres e, consequentemente, em crianças, em decorrência da transmissão vertical, quando a mãe passa o vírus para o bebê ainda na gestação. “Apenas 20% das mulheres grávidas têm o teste de HIV feito no Pará. A grávida que faz o pré-natal e toma o medicamento no momento certo tem toda a possibilidade de não infectar o bebê, mas as pessoas não fazem o teste no pré-natal”.
Para ele, a realidade do número insuficiente de leitos e do diagnóstico tardio no Estado, contribuem para que a doença ainda seja um problema sério no Pará. “78% dos pacientes que morreram de Aids no Pará nos últimos 12 meses tinham detectado o vírus há menos de um ano. Ainda morre muita gente sem tratamento no Estado”.
RANKING
Segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde, divulgado ontem, o Pará ocupa a 7ª posição no ranking dos Estados com maior incidência do vírus da Aids no Brasil, se levados em consideração os casos notificados entre 2004 e 2010. A posição aponta uma ligeira queda de 21,5 casos por 100 mil habitantes notificados em 2009 para 19,5 em 2010, o que fez com que o Estado caísse de 6º para o 7º lugar.
Ainda assim, em Belém, o que se percebe é o inverso. No mesmo período, a cidade passou de uma incidência de 36,4 casos em 2009 para 41,3 em 2010, um aumento de mais de 11%. Com isso, a capital figura a lista das de maior incidência no 6º lugar. Em outros municípios, a situação também é preocupante. No ranking de municípios com mais de 50 mil habitantes, uma das maiores proporções de crescimento por município apresentadas pelo levantamento está em Paragominas. A cidade aumentou para 54,2 casos em 2010, contra 21,6 casos identificados em 2009.
Segundo a coordenadora estadual de DST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), Débora Crespo, o aumento no número de casos apresentados também está relacionado com o aumento no número de acesso aos testes rápidos. “O aumento dos casos é relacionado também ao acesso ao teste, apesar de o diagnóstico, no Estado, ainda ser tardio”. Atualmente, todo o Estado dispõe de poucos centros de testagem. “Aumentamos a identificação, mas ainda observamos um número de serviços insuficiente. Mas temos uma previsão de que consigamos ampliar esses serviços no interior do Estado”.
Ainda assim, segundo ela, a dificuldade de detecção da doença é agravada no inte-
rior pela ausência de profis-
sionais qualificados para atuar no diagnóstico da Aids. “Nós temos poucos infectologistas no Estado e essa é uma grande dificuldade com relação ao interior porque temos poucos profissionais qualificados nos municípios do interior”, afirma. “A Aids é uma doença silenciosa, então, o paciente já é diagnosticado em uma situação avançada, já doente”. De 1980 a junho de 2011, 12.532 casos de Aids foram registrados no Pará, onde também já foram registradas, em média, 1,3 mortes por dia em 2010, o correspondente a 480 mortes durante todo o ano.
TRANSMISSÃO
Débora ressalta também que a forma de transmissão mais comum, no Pará, ainda é através da relação sexual. “O maior desafio está no primeiro contato íntimo, a maior parte das infecções são por exposição sexual”. No período de 1985 a 2010, 1.128 homossexuais foram infectados com a doença, sendo que, no mesmo período, foram notificados 4.216 casos em heterossexuais. “Estamos vivendo agora, o que as Regiões Sul e Sudeste já viveram anos atrás”.
Aos 22 anos, o jovem Victor Silva descobriu que era soropositivo. Assim como na maioria dos casos diagnosticados no Pará, a transmissão aconteceu através da relação sexual desprotegida. Passado algum tempo do relacionamento de três anos que mantinha com o namorado na época, ele resolveu que não era mais necessário manter o uso da camisinha.
A decisão foi o que contribuiu para que, em 2010, ele descobrisse que tinha contraído o vírus HIV. “O nosso relacionamento não andava bem, então, durante uma discussão ele me disse ‘vai fazer o teu exame porque tu estás com Aids’”, lembra, ao contar do susto sentido com a notícia. “É verídico que as pessoas pensam logo em se matar, mas hoje, estou muito bem e sei que não vou morrer de Aids”.
A contração do vírus ainda tão jovem é uma realidade que vai além da história de vida de Victor. Ainda assim, apesar de constatar o maior crescimento de contaminação em jovens, ele faz questão de dizer que sabe lidar com o assunto. “O público alvo da Aids hoje é o jovem”, acredita. “O HIV é mais velho que eu, ele tem 30 anos, mas ele não vai me dominar”.
QUEDA
Para além da estimada estabilização do vírus da Aids no Brasil, um relatório divulgado pela Unaids, departamento das Nações Unidas que trata sobre as estatísticas da doença, aponta que o número de novas infecções pelo vírus no mundo apresentou queda de 21% desde 1997. Segundo o estudo, as mortes relacionadas ao HIV também diminuíram em 21% desde o ano de 2005. Ainda assim, somente no ano passado, 2,7 milhões de pessoas se infectaram com o HIV e 1,8 milhão morreram.
A queda no número de mortes vem sendo observada desde 2005, quando houve uma diminuição de 2,2 milhões de mortes para 1,8 milhão, em 2010. De acordo com o relatório, as cerca de 2,5 milhões de mortes evitadas em países de baixa e média renda são decorrentes do maior acesso da população ao tratamento com antirretrovirais desde 1995.
PARAGOMINAS
Paragominas se destaca como a 16ª cidade com maior incidência em um ranking de 100 municípios brasileiros. Em seguida vem Belém em 32º lugar, com 41,3 casos; Benevides em 34º lugar, com 40,7 casos; Redenção em 45º lugar, com 35,7 casos; Marituba em 56º, com 39,6 casos; Ananindeua em 93º, com 30,5 caos; e Bragança em 96º lugar, com 30,2 casos. 
BREVE HISTÓRICO: 30 ANOS DA AIDS NO BRASIL
Anos 80
Período de pânico moral e também de mobilização comunitária.
- Prevenção – Descoberta das formas de transmissão.
- Tratamento – Grande novidade em 1988 foi o surgimento do AZT (antiviral indicado para o tratamento da Aids), única forma de tratamento na época.
- Ativismo – Mobilização de grupos afetados contra o estigma, como os homossexuais e as prostitutas.
Anos 90
Período de pânico econômico em decorrência do grande custo da doença para a economia dos países.
- Prevenção – Profissionalização e prevalência dos projetos de combate à transmissão. Início de outros modelos de prevenção através da cultura.
- Tratamento – Advento do ‘coquetel’ (1996) e a visualização da Aids como uma doença tratável, porém, surgem também os desafios para o acesso ao tratamento. A pessoa não morre mais de Aids, passa a viver com Aids.
- Ativismo – Diminuição de recursos, profissionalização e a necessidade de integração.
Anos 2000
Período de administração de respostas e a ‘epidemia’ de riscos sociais.
- Prevenção – Evidências científicas apontam para o reforço da prevenção versus o tratamento e o surgimento de novas tecnologias de prevenção. Nessa época, inicia-se, também, o processo de desuso da camisinha.
- Tratamento – Estudos de possíveis vacinas sem novidades significativas. Aids como ‘doença crônica’.
- Ativismo – Agravamento da diminuição dos recursos, descentralização de políticas e ações.
2011 e a 4ª década
Período de agravamento dos paradoxos. Estigma social contra a pessoa soropositiva.
- Prevenção – Novas tecnologias de prevenção e prevenção planejada.
- Tratamento – A possibilidade de cura como caminho para o controle ou extinção da doença. Controle social local e internacional sobre governos e instituições de pesquisa.



Fonte: Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia)
Fonte:http://diariodopara.diarioonline.com.br/N-146696-PARA+TEM+A+7%C2%AA+MAIOR+INCIDENCIA+DO+VIRUS+HIV.html

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pesquisadores usam causador da doença de Chagas em vacina contra o câncer


        Cientistas brasileiros criaram uma vacina contra o câncer usando o Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas. A pesquisa foi publicada pela PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America) e reuniu cientistas do Centro de Pesquisas René Rachou (CPQRR-Fiocruz), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto Ludwig, em Nova York. Os pesquisadores escolheram uma cepa deTrypanosoma não patogênica, ou seja, incapaz de causar a doença. Depois, modificaram-na geneticamente para que produzisse uma molécula característica de células tumorais: o antígeno NY-ESO-1. Dessa forma, quando o organismo detecta as células infectadas pelo protozoário, entra em contato com o antígeno presente em tumores. As defesas do organismo começam a destruir as células que possuem o antígeno NY-ESO-1, imaginando que lutam contra a infecção do Trypanosoma. Na verdade, o organismo foi induzido a combater tumores. O artigo publicado na PNAS apresenta dados promissores para prevenção e tratamento de melanomas. Os cientistas testaram o Trypanosoma transgênico em camundongos e células humanas in vitro e comprovaram que ele induz a resposta imunológica esperada contra alguns tipos de câncer. Ricardo Gazzinelli, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas e um dos autores do trabalho, afirma que, antes de iniciar os testes clínicos em humanos, será preciso vencer a resistência em usar um parasita transgênico para combater uma doença. Até lá, o grupo fará testes em modelos mais próximos do ser humano, como melanomas em cachorros. Gazzinelli explica que uma boa vacina não deve só produzir uma resposta vigorosa do sistema imunológico. Deve também oferecer uma resposta persistente, ou seja, que dure muitos anos. Como o protozoário da doença de Chagas tende a permanecer de forma crônica no organismo, a cepa transgênica pode garantir um estado de alerta contínuo contra o câncer.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Novos testes provam que os neutrinos são mais rápidos do que a luz


      Cientistas voltaram a questionar uma das mais antigas leis da Física. Testes realizados pela Organização Europeia para a Investigação Nuclear provaram que existem partículas, os neutrinos, capazes de viajar mais rápido que a luz.
Os testes efectuados pelos cientistas comprovam um estudo, realizado em Setembro, que contrariou o pressuposto de que nada consegue viajar mais rápido que a luz. A descoberta agitou a comunidade científica, uma vez que questionou a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein.
A experiência, realizada entre as instalações da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN), em Genebra, e o laboratório de Gran Sasso, em Itália, teve como objectivo verificar se os neutrinos conseguiam percorrer uma distância de 730 quilómetros em menos tempo que a luz. A luz viaja a uma velocidade de cerca de 300 mil quilómetros por segundo.
Os cientistas concluíram que os neutrinos chegaram ao laboratório de Gran Sasso cerca de 60 nanosegundos mais rápido que a velocidade da luz. A CERN sublinhou que "este teste confirma a precisão de medição de tempo, descartando uma potencial fonte de erro sistemático".
No entanto, os especialistas sublinham que "a anomalia verificada no tempo de percurso dos neutrinos do CERN para Gran Sasso ainda precisa de mais escrutínio e medição independente, antes de poder ser refutada ou confirmada".





sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Cronologia do caso Enem 2011 até hoje


       A confusão dos alunos se dá pelos pedidos e decisões da última semana. No dia 26 de outubro, o Ministério Público Federal do Ceará recomendou ao MEC a anulação do Enem por suposto vazamento. O MEC anulou o Enem de 639 alunos do Colégio Christus e anuncia que eles terão de fazer novamente o exame. No dia seguinte (27), O MPF no Ceará entrou na Justiça com ação para pedir a anulação de todo o Enem ou das 13 questões que foram antecipadas pelo colégio Christus. A Defensoria Pública da União anunciou que enviaria recomendação ao Inep para que fossem anuladas 14 questões do Enem ou para que o exame seja cancelado. No final da tarde, a Justiça Federal no Ceará, determina um prazo de 72 horas para o Inep se manifestar aobre os problemas do Enem. Na segunda-feira (31), a Justiça Federal no Ceará decidiu anular em todo o país 13 questões do Enem antecipadas por um colégio de Fortaleza. Na quinta-feira (3), a Advocacia Geral da União protocolou no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Recife, o pedido de suspensão da decisão da Justiça do Ceará que anulou 13 questões do Enem. No mesmo dia, em Fortaleza, o Ministério Público Federal entrou com ação na Justiça para a anulação de mais uma questão da prova. Nesta sexta-feira (4), o presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), no Recife, desembargador Paulo Roberto de Oliveira Lima, suspende a liminar concedida pela Justiça Federal do Ceará e que anulava as 13 questões do Enem para todo o Brasil. Segundo a decisão, a anulação só fica mantida para os 639 alunos do Colégio Christus, de Fortaleza (CE), que tiveram acesso às questões antes e agora terão suas notas recalculadas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Enem: governo recua e aceita anular questões


      O governo federal decidiu na manhã de hoje que não vai recorrer da decisão da Justiça Federal do Ceará, que determinou a anulação de 13 questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Essas questões, segundo investigação da Polícia Federal (PF), vazaram para alunos do colégio Christus, de Fortaleza, em outubro do ano passado, após a aplicação do pré-teste. Com a decisão, passam a valer 167 questões da última edição do Enem.
Mais cedo, o Ministério da Educação chegou a afirmar que iria recorrer da decisão da Justiça Federal do Ceará, por considerá-la "desproporcional e arbitrária". A nova orientação, porém, é seguir a determinação da Justiça e evitar uma nova batalha judicial, como a ocorrida no ano passado, quando o exame chegou a ser suspenso.